Pelas arestas do meu dia
eu vejo um sol, nuvem estilhaçada,
e a poeira do sonho nessa arritmia:
bloco de pedra, passos na calçada
empurrando a negligência
num carrossel de vida parca.
Partem os homens,
choram as mulheres,
um portão fechado que consome
e no cerco que me fere
é a paliçada dos que perdem
sem ter chance de usar um nome.
Em branco e preto
é o verbo azedo, a vida morna
estancada como cinzas num cinzeiro,
dispersada em baforadas
impregnando de fuligem os meus pulmões
que pinta a textura do meu dia
com a paisagem desses corpos ébrios.
Ela chegou com seu cedro de arame
desembainhou a tua espada de navalha
e amarrou as suas paredes com fiapos...
Se cobre agora com esse teto de papelão
porque a sua solidão é uma ausência
silenciada nesse pedaço frio de chão...